No dia 8 de março, comemora-se o Dia Internacional da Mulher, um dos momentos mais importantes do calendário global
no mês de março. A data, criada em 1917 para a celebração da luta pelos direitos das mulheres, é um marco essencial para
o reconhecimento e fortalecimento do feminismo — e, portanto, da luta por uma sociedade mais justa e igualitária.
A luta pela justiça para gênero feminino, apesar de ser oficializada no calendário mundial há menos de 50 anos, já existe há
milhares de anos. Desde a Idade Média, com a caça às bruxas, e até antes desse marco, as mulheres lutam para terem
seus direitos assegurados e reconhecidos.
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A ideia de encontrar uma data para celebrar a luta feminista tem várias origens. Alguns pesquisadores defendem que a sugestão, no século 19,
nas primeiras etapas da Revolução Industrial. Outros defendem que a data nasceu no estopim da Revolução Russa, em 1917, motivada pela
luta das mulheres russas por melhores condições de vida, trabalho e o fim da Primeira Guerra Mundial. De todas as teorias, a mais aceita é que
a data nasceu após uma conferência na Dinamarca em busca de direitos igualitários, em 1910, e foi consolidada por um histórico incêndio na
fábrica Triangle Shirtwaist Company, em Nova York, no ano de 1911. Em 1909, dois anos antes do incêndio, as mulheres nova-iorquinas que
trabalhavam na fábrica têxtil haviam feito uma greve, reivindicando melhores condições de trabalho e o voto feminino. Em conjunto com os nascentes
sindicatos e com o Partido Socialista da América, elas se reuniram em uma passeata que reuniu cerca de 15 mil mulheres. A fábrica, na época,
recusou as reivindicações.
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Décadas mais tarde, a luta feminista seguiu ativa, cada vez mais forte e presente: o direito ao voto se consolidou, as leis cresceram e se
adequaram, assim como a sociedade como um foto. Mas foi só em 1975, no entanto, que a ONU reconheceu a data como uma celebração dos direitos do gênero
feminino e estabeleceu, então, que o dia 8 de março seria o Dia Internacional das Mulheres. Hoje, o evento é comemorado por mais de 100 países como um
momento dedicado à luta pela igualdade de gênero, para celebrar as conquistas, cobrar direitos e relembrar as mulheres que foram vítimas de violência.
O Dia Internacional da Mulher não é um mero dia voltado simplesmente a homenagens triviais às mulheres, mas diz respeito a um convite à reflexão
referente a como a nossa sociedade as trata. Essa reflexão vale tanto para o campo do convívio afetivo, familiar e social quanto para as questões relacionadas
ao mercado de trabalho. Inúmeros estudos comprovam que ainda hoje as mulheres sofrem com a desigualdade no mercado de trabalho em relação aos homens. A
presença das mulheres no mercado de trabalho ainda é menor do que a dos homens, uma vez que dados de 2018 apontam que, no mundo, apenas 48% das
mulheres maiores de 15 anos estão empregadas – para os homens, esse número é de 75%.
Todas essas estatísticas demonstram como o preconceito de gênero prejudica as mulheres no mercado de trabalho. As mulheres, no entanto, não têm a sua vida
prejudicada somente no mercado de trabalho, uma vez que a violência de gênero, o abandono que muitas sofrem de seu parceiro durante a gravidez e os assédios são
realidades que muitas mulheres sofrem. O 8 de março é um dia para reflexão a respeito de toda a desigualdade e a violência que as mulheres sofrem no Brasil e
no mundo. É um momento para combater o silenciamento que existe e que normaliza a desigualdade e as violências sofridas pelas mulheres, além de ser um momento
para repensar atitudes e tentar construir uma sociedade sem desigualdade e preconceito de gênero.
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Mesmo que as mulheres do passado não tenham tido as mesmas oportunidades dos homens para entrar nesses segmentos, algumas talentosas e afortunadas
conseguiram não somente atuar como cientistas, como ainda se destacaram na história da tecnologia. E uma delas foi a Condessa de Lovelace, conhecida como Ada
Lovelace - a matemática que criou o primeiro algoritmo para ser processado por uma máquina, sendo a primeira programadora da história. Sim, Lovelace foi a
primeira pessoa programadora de todos os tempos, e não apenas a primeira mulher a escrever um código.
Nascida em Londres em 10 de dezembro de 1815, Lovelace foi a única filha legítima do famoso poeta Lord Byron e sua esposa Baronesa Byron. Um dos mentores da
jovem Ada foi Augustus De Morgan, o primeiro professor de matemática da Universidade de Londres - que foi a primeira universidade da Inglaterra a permitir
que mulheres se graduassem, coisa que somente aconteceu 26 anos após a morte de Ada.
A jovem Lovelace ficou amiga e trabalhou com o cientista Charles Babbage, participando de seu projeto sobre a Máquina Analítica - evolução da Máquina Diferencial
(que foi criada para executar e imprimir cálculos matemáticos). A Máquina Analítica foi a primeira máquina da história que pôde ser programada para executar comandos
de qualquer tipo, mas a jovem cientista percebeu que a máquina era capaz de fazer muito mais do que o que seu criador imaginava.
Entre 1842 e 1843, ela traduziu um artigo italiano sobre o motor e complementou o estudo com um conjunto de observações de sua autoria. Essas notas, que acabaram
sendo mais extensas do que o artigo original, continham um algoritmo criado para ser processado por máquinas, sendo considerado o primeiro programa de computador já criado.
Além disso, Ada desenvolveu uma visão sobre a capacidade dos computadores conseguirem realizar muito mais além de meros cálculos.
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Pesquisa feita pela Rocketseat, edtech formadora de desenvolvedores, mostra que os desenvolvedores do sexo masculino são a maioria do mercado, sendo 87%
contra 12% de mulheres. Isso mostra que o setor de TI ainda é bastante desigual, mesmo com vários projetos de capacitação na área e cursos, as mulheres ainda representam
apenas 20% dos profissionais de tecnologia. Segundo a pesquisa da Women in Technology, que entrevistou trabalhadores de países latinos para entender a razão por trás
da escassez das lideranças femininas na tecnologia, 47% das respostas de brasileiras dizem que um dos principais fatores é a falta de inspiração e modelos a seguir.
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Os dados coletados pela Rocketseat também apontam que as mulheres recebem em média R$4.013.69, valor inferior à média salarial dos respondentes masculinos,
R$6.364.54. Ao analisar a distribuição das rendas, mais de 34% das pessoas do gênero feminino estão sem algum tipo de renda, ao contrário dos homens, que significam 10%
menos nessa categoria. O mercado está em constante mudança, e a tendência é que, em 10 anos, a participação das mulheres cresça na área de tecnologia, a fim de contra
posicionar os apenas 42% de hoje em cargos de coordenação e especialização.
1. Roxo é a cor oficial do 8M.
E você sabe por quê? Ela simboliza justiça e dignidade. Mas outras cores também são usadas na data, como o verde (esperança) e o branco (paz).
Essa combinação de cores era a usada por mulheres que participavam da União Social e Política das Mulheres, criada por Emmeline Pankhurst, em 1903, no
Reino Unido. Ela foi a principal organização popular a lutar pelo sufrágio feminino.
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2. Todo ano, a data tem um tema.
Os temas são estipulados pela ONU. Em 2022, o tema foi “Igualdade de gênero hoje para um amanhã sustentável”. Neste ano, é “Inovação e tecnologia para
a igualdade de gênero”, que, segundo a Organização das Nações Unidas, “destaca o papel da tecnologia inovadora na promoção da igualdade de gênero e na
satisfação das necessidades das mulheres em matéria de saúde e desenvolvimento.”
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